sábado, 11 de maio de 2013

A importância de dizer Não


Um destes dias fui convidada, para uma sessão partilhada, num JI com os seus intervenientes (educadores; auxiliares e pais), para refletir sobre: A importância de dizer não às crianças.
Não é dizer Não por dizer, mas dizer Não se necessário, quando for preciso, sem receio de traumatizar as crianças, explicando, se necessário, o motivo da decisão.
O mais grave em educação é não existir coerência nas decisões dos adultos perante os comportamentos das crianças. O Não representa o estabelecimento de limites claros promotor do desenvolvimento da criança. Mas deve ser um Não adequado, lógico, com significado para a situação em que é utilizado. Quando o não é, isso sim, não só traumatiza a criança como a deixa confusa.

Essencial é definir o que são verdadeiramente conflitos para cada um de nós e quais são os limites de cada adulto face aos comportamentos das crianças. Procurando, em muitos casos, ignorar problemas triviais ou pouco importantes o foco deve estar na resolução dos problemas mais importantes, refletindo sempre no que originou os conflitos.
Ser consistente nas decisões, mesmo quando os progenitores não têm a mesma opinião.
O EU está situado na família, pois esta representa o Modelo. É nela que se aprendem os limites e o modo como esta funciona. Não têm que ser a família que não querem ser. Devem ser a família que consideram que funciona, sabendo que as atitudes a tomar terão consequências, pois todas as experiências contam. Por isso é fundamental que as atitudes dos adultos tenham significado.

É neste conceito, partindo de como somos, nas atitudes para com as crianças com quem nos cruzamos que foi também deixado o mote de alguns livros que apesar de serem para as crianças são deliciosamente também para os adultos.  


Partindo de que tipo de pais/mães somos e como encaramos cada comportamento das nossas crianças foi a focalização da partilha.

“Mãe, querida mãe”, (como é a tua mãe?/como é o teu pai?), de Luísa Ducla Soares e ilustrados por Pedro Leitão remetem para os vários tipos de mães/pais que somos. 
Às vezes temos caraterísticas de mães galinhas e outras de mãe cuco. Por vezes somos a mãe formiga que só trabalha, outras vezes, a mãe macaca que adora brincar. Claro que não podemos esquecer a mãe papagaio que repete a cassete, ou a mãe águia que incita os filhos a altos voos. Nesta analogia encontramos cada ator que representamos na educação das crianças.
É mais importante saber dizer Não no momento conveniente e necessário, ao invés de nem sequer olharmos para a criança com quem partilhamos momentos chave no desenvolvimento, transformando-se esta, pelo facto de nunca olharmos para ela, num estranho ou podendo mesmo ser literalmente “comido” por um monstro. Situação em “Agora Não Duarte” de David McKee onde o Não é um cliché, utilizado por tudo e por nada.
Claro que nestes factos da paternidade não pode ser esquecido o recente trabalho de João Miguel Tavares com ilustrações de João Fazenda.
Um livro que revela um pai, através dos olhos de uma criança proibida de realizar os mais deliciosos prazeres. Fazendo jus ao nome: “O pai mais horrível do mundo” é o livro mais anti-pedagógico possível, revela-nos um pai tirano que só sabe dizer não, ou, talvez não seja bem assim...
É importante dizer não, se necessário for, estabelecer limites, sendo essencialmente coerente nas decisões.
Mesmo que aos olhos dos outros se seja "disfuncional" (seja lá o que isso for) ou muito horrível aos olhos dos filhos.
Acreditar nas decisões tomadas é o mais importante porque ser inseguro com as atitudes tomadas é o terreno mais pantanoso que se pode pisar.
Porque quando o pai é coerente, honesto e justo não se gosta nada, nada dele.

                  

Agradeço ao Jardim de Infância Casal Popular Damaia, o convite para esta partilha conjunta e em especial à educadora Maria do Céu.

ECS

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